segunda-feira, 28 de março de 2016

Por que algumas igrejas crescem e outras não?

Por que algumas igrejas crescem e outras não?

1. Possuem uma liderança competente e visionária

As igrejas que crescem têm líderes visionários. Esses líderes são dirigentes otimistas que aceleram, concentram e dirigem todas as atividades da igreja segundo a visão divina para aquela congregação, e no sentido de produzir crescimento. Eles geram entusiasmo. São agentes de mudança que sabem o que a igreja e a comunidade precisam e como podem atender a essas necessidades usando os dons que os membros da igreja possuem. São treinadores.
Os estudos de Schwarz mostram que os pastores de congregações florescentes reconhecem o potencial dos leigos. Esses ministros não precisam ser super- estrelas. Basta-lhes apenas ser pessoas que treinam outros crentes para o serviço.2
Kirk Hadaway, um pesquisador e analista de crescimento da igreja, diz: “Não são necessários dons e capacidades extraordinárias para pastorear uma igreja em crescimento. Não é preciso ser um orador dinâmico ou um mestre em administração. Por outro lado, ele deve estar comprometido no sentido de alcançar os perdidos e desenvolver os membros. O pastor também precisa ter visão. As igrejas que crescem são diferentes em caráter, e essa índole pode ser descrita como ‘vida’. Freqüentemente, tudo que um pastor precisa para revitalizar a congregação é produzir uma faísca e alimentar a chama”.3


2. Desenvolvem ministérios de acordo com os dons, e evangelismo de acordo com as necessidades

O Espírito Santo concede aos membros variados dons. O papel do líder é “simplesmente ajudar os membros da igreja a descobrirem e reconhecerem os dons que Deus lhes deu, e acharem um serviço consonante com esses dons. Quando os crentes vivem em conformidade com seus dons espirituais, eles não trabalham segundo seus próprios esforços, mas o Espírito de Deus opera neles. Desse modo, cristãos comuns podem apresentar um desempenho extraordinário.”4
Um estudo revelou que 68% dos membros de igrejas em crescimento disseram: “As tarefas que desempenho na igreja estão de acordo com meus dons.” Em congregações estagnadas, somente 9% harmonizam-se com essa declaração. O mesmo estudo também mostrou que nas igrejas em crescimento, os colaboradores voluntários recebem mais treinamento do que em igrejas estancadas.5
Charles Chaney, um perito em crescimento de igreja, diz que onde quer que tenha ocorrido crescimento espontâneo, bíblica e historicamente, a razão é que os leigos foram “mobilizados e motivados para o ministério”.6 Gottfried Oosterwal salienta que um dos fatores básicos por trás do crescimento mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia é a mobilização dos membros leigos e a satisfação das necessidades do povo ao qual ministram.7
Robert Schuller tem empregado esse princípio por mais de 35 anos na Catedral de Cristal, na comarca de Orange, Califórnia. Essa igreja implementou um programa de evangelismo focalizado no atendimento das necessidades do povo através de mais de 150 ministérios. Schuller diz: “O segredo do crescimento de uma igreja é descobrir a necessidade e prover sua satisfação”.8
McGavran, pioneiro do movimento de crescimento da igreja, afirma que as congregações que crescem têm 60% de membros ativos, 20% lotados em evangelismo direto e 40% envolvidos em trabalho interno, mas com foco no desenvolvimento ou crescimento.9


3. Irradiam o contágio da espiritualidade

O método de Cristo para o evangelismo é espalhar o “testemunho” (Mateus 24:14). A “ousadia” de pregar o evangelho era uma das marcas do crescimento da igreja primitiva (Atos 4:13, 31; 13:46; 14:3; 19:8; I Tessalonicenses 2:2).
Muitos grupos com doutrinas errôneas registram crescimento elevado basicamente por causa de seu entusiasmo para espalhar a mensagem. ”O entusiasmo com o qual a fé é vivida... quase sempre acompanha o entusiasmo por sua própria igreja”, e isso produz crescimento. Os membros de 76% das congregações prósperas, segundo Schwarz, dizem: “Estou entusiasmado com minha igreja,” mas somente 33% de membros de igrejas retrocedentes falam dessa maneira.10


4. Seguem prioridades baseadas na Bíblia

As igrejas que crescem têm suas prioridades arranjadas segundo a ordem bíblica: relacionamento com Deus, relacionamento com a igreja local, e dedicação ao trabalho da igreja. No trabalho da igreja o evangelismo é a prioridade, vindo depois o envolvimento social.11
A razão básica por que as igrejas conservadoras crescem é sua prioridade evangelística sobre o trabalho social. Além disso, essas igrejas são mais estritas e sérias no que toca a sua membresia.12 Ademais, segundo Roger Finke e Rodney Stark, que analisaram o crescimento da igreja nos Estados Unidos de 1776 a 1990, as igrejas deixaram de crescer quando “rejeitaram as doutrinas tradicionais e cessaram de ser exigentes com seus seguidores”.13


5. Adotam de estruturas funcionais

A estrutura afeta o crescimento da igreja. Os especialistas notam dois tipos de estrutura: a funcional e a tradicional. Schwarz observa: “Nossa pesquisa teve êxito em demonstrar e atestar que o fenômeno doentio do tradicionalismo... está numa relação inversa tanto com o crescimento como com a qualidade das igrejas”.14 Cinqüenta por cento dos membros de igrejas em decréscimo ou declínio, desabafaram: “Considero nossa igreja tradicionalista”, mas somente 8% disseram o mesmo em igrejas que crescem.15 Tradições são boas somente quando baseadas nos princípios revelados na Palavra de Deus. O que prejudica a igreja não são as tradições embasadas na Bíblia mas o tradicionalismo que a impede de realizar as mudanças necessárias para continuar crescendo.
Considere a igreja apostólica. A necessidade de servir as viúvas tornou necessária uma mudança estrutural. O resultado foi que “crescia a palavra de Deus e em Jerusalém se multiplicava muito o número de discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia a fé” (Atos 6:7). Depois de estudar as maiores congregações do mundo, John N. Vaughan declarou que “quase toda igreja grande tornou-se assim porque deu passos corajosos no sentido de se reorganizar ao longo da vereda do crescimento”.16


6. Planejam inspiradores serviços de culto

Os estudos de Schwarz demonstraram que as igrejas que crescem têm “um culto inspirador”. “A questão se o culto produziu uma experiência inspiradora está na proporção direta de seu crescimento qualitativo e quantitativo.” Em congregações crescentes, 80% de seus membros disseram que o culto em suas igrejas têm sido uma experiência inspiradora; mas somente 49% disseram o mesmo em igrejas estagnadas.17


7. Desenvolvem um programa de células

Se um ponto se destaca como o mais importante para o crescimento da igreja, esse é o princípio da multiplicação celular. O estudo de Schwarz mostrou que quanto mais decisiva é a prática de pequenos grupos, tanto mais rápido é o crescimento da igreja. Em congregações prósperas, 78% dos membros disseram que suas igrejas “encorajavam conscienciosamente a multiplicação de pequenos grupos mediante divisão, ao passo que em igrejas estancadas somente 6% disseram o mesmo”.18
O maior milagre do Pentecostes não foi o batismo de 3000 pessoas, mas o fato de que os novos membros “perseveraram na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (Atos 2:42). Uma razão para sua perseverança foi o estabelecimento de “igrejas nos lares”. Essa iniciativa foi decisiva para a sobrevivência em tempo de perseguição. “Durante o tempo de perseguição, o conceito de pequenos grupos nos lares desenvolve-se e a igreja cresce espiritualmente e em número”.19 Ellen White declara: “A formação de pequenos grupos como base do trabalho cristão foi-me apresentado por Um que não pode errar. Se há um grande número na igreja, que os membros sejam formados em pequenos grupos, para trabalharem não só a favor dos membros da igreja, mas também pelos descrentes. Se num lugar houver apenas dois ou três que conheçam a verdade, que eles se organizem num grupo de obreiros”.20


8. São amistosas

A amizade é um fator importante que afeta o crescimento da igreja.21 Sua ausência causa apostasia e sua presença encoraja a volta daqueles que estiveram fora. Estudos recentes em congregações adventistas hispânicas, no sul da Califórnia, revelaram que a motivação para a abertura de uma nova igreja ou ministérios é a amizade e o nível espiritual dos membros fundadores. A amizade era como magnetismo para atrair e conservar novos membros.22 Win Arn sugere que os membros novos devem achar ao menos sete novos amigos na igreja durante os primeiros seis meses.23 Oitenta por cento das apostasias ocorrem durante o primeiro ano. Os membros novos põem à prova seus novos amigos, o amor que recebem, e os grupos que deixaram fora da igreja. Esses fatores são importantes em sua decisão de ficar ou sair.
“As igrejas progressistas têm um ‘quociente de amor’ mais elevado do que as estagnadas ou decrescentes”.24 Esse “quociente de amor” gera alegria e bom humor. O riso entre os crentes tem uma relação significativa com a qualidade e o crescimento da igreja. Nas congregações em crescimento, 68% dos membros asseguram que “em nossa igreja rimos bastante”. Nas igrejas em declínio somente 33% disseram o mesmo.25


9. Fazem discípulos

A transformação de membro em discípulo é um fator importante em congregações crescentes. Quanto mais eficaz o processo de fazer discípulos, tanto mais pujante é o crescimento da igreja. Não importa qual o método usado no discipulado, desde que ele seja motivado pelo amor e serviço para criar novos ministérios e igrejas. “A metodologia evangelística mais eficaz debaixo do céu é plantar novas igrejas”.26


10. Valorizam os diferentes aspectos humanos

“As pessoas gostam de se tornar cristãs sem terem de cruzar barreiras raciais, lingüísticas ou de classe”.27 “As igrejas ao redor do mundo e através da história têm crescido basicamente entre uma espécie de gente de cada vez, e isso indica que continuarão crescendo desse modo até que o Senhor volte”.28 As igrejas bem-sucedidas são compostas de um grupo regularmente homogêneo, ou valorizaram todos os grupos dentro da igreja. A igreja primitiva conseguiu evitar essa dificuldade por causa de sua missão em favor de todos os grupos étnicos (Mateus 28:18-20; Atos 2, 10, 15). Valorizar todos os grupos humanos foi crucial para o crescimento do cristianismo primitivo. “Pode ser aceito como axiomático que onde quer que tornar-se cristão seja considerado uma decisão racial mais do que religiosa, aí o crescimento da igreja será extremamente vagaroso. Ao enfrentar a igreja a evangelização do mundo, talvez seu maior problema seja como apresentar Cristo de modo que os de fora possam verdadeiramente segui-Lo sem traiçoeiramente deixar sua classe”.29 Levantar essa questão não significa apoiar racismo de qualquer espécie. Para cristãos cheios do Espírito, a questão não é igrejas homogêneas ou heterogêneas, mas crescimento de igreja que promove uma missão com propósito, camaradagem com amor, e evangelismo com alimentação constante.


Conclusão

Qualquer congregação que busque crescimento não pode ignorar essas dez caraterísticas. O ponto principal é que não há um fator isolado que resulte no crescimento de membros, mas a operação harmoniosa de diversas caraterísticas visando a um só propósito.30
As igrejas bem-sucedidas sabem que só Deus produz o verdadeiro crescimento (I Coríntios 3:6). O crescimento natural da igreja continuará a ser uma obra sobrenatural como o crescimento de uma planta. O planejamento e a atividade humana têm seu lugar, mas o fator decisivo continuará sendo a obra misteriosa e poderosa do Espírito Santo. “Não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6).
Daniel J. Rode (Doutor em Missiologia pelo Fuller Theological Seminary) leciona homilética e crescimento de igreja na Universidad Adventista del Plata. Seu endereço: 25 de Mayo 99; 3103 Libertador San Martin, Entre Rios; Argentina. E-mail: factlsa@uapar.edu


Fonte: Revista Diálogo por Daniel Julio Rode

Notas e referências

  1. C. Peter Wagner, Your Church Can Grow (Ventura, Calif.: Regal, 1984).
  2. Schwarz, Christian, Las ocho características básicas de una iglesia saludable (Terrasa, Barcelona: Clie, 1996), págs. 22 e 23.
  3. C. Kirk Hadaway, Church Growth Principles (Nashville, Tenn.: Broadman, 1991), pág. 92.
  4. Schwarz, pág. 24.
  5. Idem., pág. 25.
  6. Charles L. Chaney, Church Planting at the End of the 20th Century (Wheaton, Ill.: Tyndale House Publishers, 1982), pág. 81.
  7. Gottfried Oosterwal, La Iglesia Adventista del Séptimo Día en el mundo contemporáneo (Libertador San Martín, Entre Rios, Argentina: SALT, 1981), pág. 7.
  8. Em Roger Dudley e Des Cummings, Adventures in Church Growth (Washington, D.C.: Review and Herald, 1983), pág. 80.
  9. Em Daniel Julio Rode, Caracteristicas de una iglesia saludable (Libertador San Martin, Entre Rios, Argentína: Imprenta de Ia Universidad Adventista del Plata, 1999), pág. 56.
  10. Schwarz, pág. 27.
  11. Wagner, Your Church Can Grow, pág. 87.
  12. Dean M. Kelly, Why Conservative Churches Are Growing (Macon, Georgia: Mercer University Press, 1986), pág. 22.
  13. Kenneth Hemphill, El modelo de Antioquía: Ocho características de una iglesia afectiva (El Paso, Texas: Casa Bautista de Publicaciones, 1996), pág. 201.
  14. Schwarz, pág. 28.
  15. Ibidem.
  16. John N. Vaughan, The World’s Twenty Largest Churches (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1984), pág. 29.
  17. Schwarz, págs. 31-37.
  18. Idem., págs. 32 e 33.
  19. Kurt W. Johnson, Grupos pequeños para el tiempo del fin (Florida, Buenos Aires: ACES, 1999), pág. 45.
  20. Ellen G. White, Testimonies for the Church (Mountain View, Calif.: Pacific Press Publishing Association, 1948), vol. 7, págs. 21 e 22.
  21. Oosterwal, pág. 20.
  22. Daniel Julio Rode, Los siete signos vitales de crecimiento de Wagner en seis iglesias adventistas hispanas del sur de California (Pasadena, Calif.: Fuller Theological Seminary, 1994), pág. 235.
  23. Win Arn, The Church Growth Ratio Book (Monrovia, Calif.: Church Growth Inc., 1990), págs. 23 e 24.
  24. Schwarz, pág. 36.
  25. Idem., pág. 36 e 37.
  26. C. Peter Wagner, Church Planting for a Greater Harvest (Ventura, Calif.: Regal Books, 1990), pág. 11.
  27. Donald A. McGravan, Understanding Church Growth, edit. por C. Peter Wagner (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1990), pág. 163.
  28. C. Peter Wagner, Your Church Can Be Healthy (Nashville, 

  29. TN: Abingdon, 1979), pág. 56.
  30. McGravan, pág. 155.
  31. Schwarz, págs. 38 e 39.
  32. © Comissão de Apóio a Universitários e Profissionais Advenstistas (CAUPA 

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